sábado, 7 de junho de 2014

Ódio, feridas e unhas

"Não há nada pior/melhor que" é uma frase clichê, muito usada no jornalismo quando o repórter anda meio sem criatividade coisa e tal. Às vezes até quem abomina tal recurso, como eu, acaba escrevendo sem querer a tal frase em alguma matéria. Mas, hoje, peço licença para usá-la de forma consciente. Afinal, sou uma mulher machucada, e uma mulher machucada tem total liberdade de cometer excessos durante relatos verbais em seus momentos de fúria. NÃO, não há nada pior do que ser maltratada por uma manicure em um salão de beleza. Hoje passei por momentos de fúria, ódio, rancor e todos esses sentimentos que se assemelham à raiva durante cerca de 40 minutos sentada em uma cadeira, único objeto que, por ser confortável, escapou de minha ira mental.

Uma manicure é um dos grandes exemplos de que não se pode confiar em ninguém nessa vida: você pode ir do amor ao ódio em um único erro. Para mim, é muito difícil achar alguém legal, bacana, etc, para fazer minhas unhas. E olha que sou uma cliente muito legal: eu mesma levo meu esmalte, da minha pequena coleção; não tiro cutículas, logo dou menos trabalho; sou quietinha, não fico fofocando nem falando mal de ninguém... rapidinho a moça faz minha a unha e está liberada. Não há motivos para feridas. 

Ano passado eu finalmente havia encontrado. Hoje, a perdi. Na verdade, ela me perdeu. Sabe quando você pensa: NUNCA, mas NUNCA mais volto nesse lugar! Pois é. Após um tempo sem dinheiro para o salão, finalmente sobrou uma graninha. Marquei pé e mão às 11h e lá fui eu com meu esmaltezinho no bolso. Cheguei 15 minutos atrasada, o que nunca acontece. Todas as vezes anteriores que fui à mesma manicure, ela estava atrasada com outra cliente e eu esperava 15, 20... até 30 minutos já esperei. Achei que não fosse ter problema.

Primeiro, recebi um whatsapp: "só vai dar para fazer um". Eu já estava quase chegando no salão. Já fiquei revoltada aí: poxa, sempre, SEMPRE, espero, e minha unha é tão rápida, porque isso? Cheguei lá, ela atendia outra pessoa. Esperei uns dez minutos ou mais. Diz ela que a moça estava lá fazendo o cabelo e, que como eu atrasei QUINZE MINUTOS, ela foi fazer a unha dela. Sendo que, quando cheguei, ela já estava terminando o pé. Impossível ela ter feito tudo naquele pouco tempo. 

Mas tudo bem. Sentei na cadeira e ela começou a fazer tudo apressadamente, com cara de cansada. Entendo que ela estivesse cansada, entendo que não deve ser fácil ter que mexer em pés e mãos de várias pessoas todos os dias. Sempre pensei em como deve ser difícil ser uma manicure, ter que lidar com todos os tipos de pessoas, das limpinhas às sujinhas. Sempre tento ser o mais legal possível. E, além do mais, estou pagando o serviço. Pedi que lixasse a unha quadradinha, mas que arredondasse nas pontas, para não machucar depois. Tive que fazer isso em casa, há pouco. Reforcei que não tiro as cutículas (só aqueles excessos aparentes), mas tive que toda hora chamar a atenção, para não ter um grande bife arrancado. Porém, o pior ainda estava por vir.

Sabe quando, após aplicar o esmalte, se passa aquele palitinho ao redor, antes de limpar? Pois é. Ela passou com tanta, tanta força, que achei que fosse furar o meu dedo. E isso quase aconteceu na mão direita, com o dedo do meio. A força aplicada foi tanta (e desnecessária), que acabou machucando. Não chegou a sangrar, mas cortou a pelinha. Apesar da dor quando ela passou o palitinho, eu só senti que tinha machucado MESMO quando ela foi limpar, com acetona. Ardeu que nem o inferno. Avisei que estava doendo e machucando, e ela simplesmente respondeu "é sua pele, que desceu um pouco. ela tava molinha". A culpa, claro, foi da minha pele. Pedi para ela parar, mas ela foi tentar consertar, passou o palito de novo, repetiu todo o processo anterior, machucando e ardendo ainda mais. Não adiantou alertar. Fiquei tão em choque, que nem consegui tirar a mão dela e brigar. Sofri calada.

Agradeci, paguei e saí, muito, mas muito aborrecida. O dedo ardendo. Inconformada. Apesar de não ter sido nada grave e nem ter sangrado (o que acontece quando arrancam o famoso bife), pelo menos até amanhã, toda vez que eu lavar as mãos ou tomar banho, vai arder para CACETE. E eu nem tiro cutículas, essa é a parte que revolta. Não tenho motivos para sair ferida de um salão. E saí. Pensei até em postar a foto aqui de como ficou essa unha e a minha pelinha ferida, mas acredito que posso poupar vocês desta cena. Jamais pensei que meu primeiro post aos 26 anos fosse ser sobre isso.

Um comentário:

  1. Por isso que, por mais horrível que já tenha ficado, eu prefiro fazer eu mesma a minha unha. Odeio esse clima de salão para manicure. Sempre me estresso! Ou a manicure vai até a minha casa, ou eu mesma faço... tudo pra não me estressar!

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